24 de jun. de 2011

Prova - Antropologia Cultural

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Para a próxima prova foi pedido pela professora de Antropologia que relêssemos os livros estudados, "O que faz do brasil, Brasil?" e o 4º capítulo do livro "Mundialização e Cultura". Para uma melhor compreensão das questões abordadas, busquei pela rede resenhas sobre estes e obtive um resultado satisfatório com as seguintes:

O que faz do brasil, Brasil?
    1ª Resenha:
         Em "O que faz o brasil, Brasil" DaMatta fala sobre: a questão da identidade brasileira; a relação casa-rua-trabalho; sobre a ilusão das relações raciais; a relação entre as comidas e as mulheres; o momento do carnaval, no qual o mundo passa a ser visto como teatro e prazer; sobre as festas da ordem e o modo de “navegação social”: a malandragem e o jeitinho; e, questões ligadas às crenças do povo brasileiro. A obra nos remete à idéia de dois Brasil – um com o “b” (simbolizado o país explorado) e outro com “B” (simbolizando uma nação com suas características e valores próprios).

         A partir das abordagens do autor, chegamos a reflexões diversas sobre a constituição do Brasil, como por exemplo, em relação ao perfil do país, sobre a nossa constituição mestiça, sobre o fato de sermos, em alguns aspectos, conservadores, de sermos considerados um país pobre, devido à má distribuição da renda. Além disso, ele nos demonstra que há um conjunto de informações acerca do Brasil que constitui uma identidade nacional e que, possivelmente, pode determinar um perfil para o Brasil. Percebe-se a problematização de algumas estruturas da composição social brasileira, criando alguns conceitos e aplicando outros, no sentido de compreender o modo como os membros da sociedade brasileira interagem.
         O autor se arrisca a nos propor questões a fim de elucidar a questão da identidade nacional, nos fazendo perceber que é na interação entre ambientes dicotômicos (casa e rua), mas não excludentes, que acabam marcando a identidade do brasileiro diante das outras nações. A comida, o carnaval, o trabalho, a relação rua/casa, entre outras simbologias abordadas por DaMatta, são referências para as interações sociais entre os indivíduos na cultura brasileira.
         O Brasil é identificado não pela homogeneidade étnica ou pelos indicadores sócio-econômicos, mas pela forma de se relacionar peculiar à nossa sociedade. De forma geral, pode-se dizer que é a relação entre "casa" e "rua" o que faz o brasil, Brasil.

    Fonte: Shvoong.com

    2ª Resenha:
    A identidade brasileira

         O livro O que faz o brasil, Brasil? trata da questão da identidade, da cultura e da relação dos brasileiros com os acontecimentos do cotidiano. Essa obra foi publicada em 1986, pelo importante antropólogo brasileiro Roberto DaMatta e editado pela Rocco. Possui 08 capítulos, além das palavras finais. O livro foi ilustrado por Jimmy Scott, um chileno que trabalha com ilustrações desde 1958 e atualmente entre algumas editoras, como o jornal O Globo, e a publicidade, segundo a pequena biografia que é exposta no final do livro.
         Primeiramente, DaMatta faz uma explicação em relação ao título do livro, que ele mesmo chama de “enigmático”. O título do livro traz uma distinção entre o Brasil com “B” maiúsculo do brasil com “b” minúsculo, sendo o primeiro algo complexo, um país, cultura, local geográfico... Enquanto o segundo seria um mero espaço de terra sem nenhuma perspectiva de desenvolvimento. Depois disso, DaMatta expõe a forma pela qual o brasileiro se relaciona na casa e na rua, espaços que compõem a identidade brasileira, sendo que na rua encontra-se o trabalho, que é visto pelos brasileiros como algo semelhante à tortura. O autor ainda esclarece questões do âmbito racial no Brasil, da democracia racial; de como o brasileiro se expressa através do código da comida e da sexualidade; de que forma o carnaval e os momentos de festa são vistos no Brasil; do jeitinho brasileiro de se alcançar determinados objetivos e da eclética fé do povo brasileiro.
         O autor apresenta questões particulares da identidade brasileira de forma clara e evidente nos momentos atuais, o que permite uma melhor compreensão sobre as características do Brasil e o que compõe a nação, assim como os problemas enfrentados no país, como o preconceito racial. Segundo DaMatta, o preconceito racial no Brasil é muito mais “sofisticado” do que em outros lugares, como os EUA, porque, no Brasil tal preconceito se dá mais às origens das pessoas e não apenas ao tipo racial, é o “racismo à brasileira”. O autor diz ainda que é possível a existência de uma democracia racial no Brasil, mas, para que isso aconteça, é necessário que a justiça garanta, na prática, o direito básico de igualdade a todos os brasileiros. Vale ressaltar que o livro foi publicado em 1986, antes da adoção do princípio constitucional da igualdade e após uma época de turbulência e de grande violência aos direitos humanos no período da ditadura militar, que se estendeu de 1964 a 1985.
         Porém, em algumas situações, DaMatta não evidencia claramente o que constitui os tipos de relação que são desenvolvidos pelos brasileiros, que se comportam de formas diferentes, em locais como a casa e a rua, o que se difere de um indivíduo dos EUA, que, segundo o autor, se comporta de forma única. E, também, não deixa claro quais valores vigoram nos diferentes locais.
         No entanto, o autor coloca à disposição do leitor a capacidade de perceber a concretude de suas argumentações a partir de exemplos categóricos referentes ao tema tratado durante o texto, o que acaba proporcionando maior dinamismo e identificação no momento da leitura, visto que a identificação do leitor com o que está sendo retratado no livro permite o fortalecimento do sentimento de nacionalidade, que é importantíssimo, considerando a época da publicação, após regime ditatorial, quando os brasileiros viveram a repressão militar, instalada logo após o golpe de estado.
         Roberto DaMatta é licenciado em história, especializado em antropologia social e possui mestrado e doutorado pela Universidade de Harvard, dos Estados Unidos. É professor, atualmente, da PUC do Rio de Janeiro e da Universidade Federal Fluminense. Publicou obras referenciais para a Antropologia, Sociologia e Ciência Política, sendo que, entre as suas obras mais importantes estão Carnavais, Malandros e Heróis, de 1979, A casa e a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil, de 1984, e O que faz o brasil, Brasil?, de 1986. Sempre em suas obras DaMatta trata da questão da identidade brasileira, a sua formação e de como o brasileiro se relaciona em diferentes espaços.
         A obra O que faz o brasil, Brasil? é uma leitura de um país, onde o seu povo tem a habilidade de sintetizar, relacionar e conciliar valores ligados à alegria, ao futuro e principalmente à esperança. O livro, atualmente, é indicado para uma melhor compreensão acerca da complexidade do funcionamento e características da sociedade brasileira, porém na época de sua publicação, como já mencionado, o livro foi direcionado, por DaMatta, à um Brasil que sofria os traumas do período em que foi suspensa a liberdade da sociedade brasileira. Uma sociedade que, segundo o autor, segue uma lógica relacional, que a faz moderna e tradicional.

    Fonte: Skoob.com

    Mundialização e Cultura
    Capítulo IV – Uma Cultura internacional-popular
    • -> A desterritorialização é abordada através da história de um viajante alemão que vai até o fechado regime da China, onde se sente um “peixe fora d’água”. No entanto, em Hong Kong, também na Ásia, o quadro se reverte e ele passa a conviver em um cenário familiar europeu. O segundo país é como um lugar sem conteúdos próprios (ou, talvez, cheio de vários outros conteúdos), capaz de receber qualquer pessoa do planeta sem que ela tome um choque cultural. Esses lugares, assim como os free-shops dos aeroportos, algumas cidades turísticas e hotéis internacionais são o que podemos chamar de “não-lugares”. Multinacionais fazem parte do local, e os processos industriais, por exemplo, ocorrem em diferentes cantos antes do produto-final ser finalizado. A desterritorialização acontece ainda na chamada cultura internacional popular, alvo do mercado consumidor – em que a nacionalidade pouco conta, o que vale mesmo é a distinção social (e não utilidade do produto) que ele causa em quem o consome. A publicidade, trabalhando na perspectiva do homem universal, se torna protagonista da identidade nacional, e os símbolos ganham origem no mercado – a exemplo da Disneylândia, Hollywood e Coca-Cola, para os norte-americanos. Fala-se em memória nacional, ou seja, um universo simbólico de rememorização das vivências compartilhadas por todos. Mas, ela se constrói através do esquecimento (amnésia seletiva) das contradições da história. 
    • -> Para Jean Chesnaux o “hors-sol” constitui uma categoria geral  da modernidade, uma situação de dissociação em relação ao meio natural, social, histórico e cultural. (p. 105)
    • -> A velocidade das técnicas leva a uma unificação do espaço, fazendo com que os lugares se globalizem. (p. 106)
    • -> O movimento da mundialização percorre dois caminhos. O primeiro é o da desterritorialização, constituindo um tipo de espaço abstrato, racional, deslocalizado. Porém, enquanto pura abstração, o espaço, categoria social por excelência, não pode existir. (p. 107)
    • -> Temos a tendência em detectar mundialização por meio de seus sinais exteriores. Mc Donalds, Coca-Cola, calças jeans, televisores, e toca -discos. (p. 107)
    • -> O movimento de deslocalização da produção (…) A competição internacional faz com que as grandes empresas tenham interesse em diminuir o custo de seus produtos. A flexibilidade das tecnologias lhes permite descentralizar a produção e acelerar a produtividade. (p. 108)
    • -> Temos apenas uma série de referências simbólicas que funcionam como sinais de distinção social no mercado consumidor, Sua nacionalidade conta pouco. (p. 112)
    • -> “Refletir sobre a mundialização da cultura é de alguma maneira se contrapor, mesmo que não seja de forma absoluta, à idéia de cultura nacional” (p. 116)
    • -> Caberia, pois, unicamente à  memória coletiva nacional  integrar a diversidade das populações e das classes sociais, definindo  desta forma a identidade  do grupo como um todo. (p. 117)
    • -> Até o final do século XIXI, o produto é percebido apenas  como  algo funcional. (…) Sua utilidade é o elemento predominante  preponderante na sua definição. A sociedade emergente requer, no entanto, outro entendimento das coisas. As mercadorias têm de ser adquiridas independentemente de seu “valor de uso”. A ética do consumo privilegia sua “inutilidade”. Há, portanto, um choque de valores. (p. 119)
    • -> Através da publicidade o consumo adquiriu um tom nitidamente cultural. (p. 121)
    • -> O universo do consumo surge assim no lugar privilegiado da cidadania. Por isso os diversos símbolos de identidade têm origem na esfera do mercado, Disneylândia, Hollywood e a Coca- Cola constituem o espelho autêntico “american way of life”. (p. 122)
    • -> A memória internacional-popular funciona como um sistema de comunicação. Por meio de referências culturais comuns, ela estabelece a conivência entre as pessoas. (p. 129)
    • -> A dimensão global supera o aspecto nacional. Desta vez o protagonista do argumento não será a Mc Donalds, mas Walt Disney. Se a antiga Disneylândia – na Califórnia dos anos 50 – foi à representação territorializada da sociedade americana, ela se metamorfoseia em representação do mundo em Orlando, na EPCOT (Experimental Prototype Community of Tomorrow) dos anos 80, que, cede lugar a uma preocupação global: O mundo se faz segundo o Mc Donalds e o Walt Disney. (p. 143).

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